O poeta

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A vida do poeta tem um sei que de fantasia.

O poeta – em poesia – assemelha-se a um barco à deriva:

percebe a imensidão na qual está imerso;

e, mesmo assim, sorri e chora com maestria.

Pequenino – ponto destoante no imenso azul. Céu ou mar?

Não se de todo apavora e brinca com a situação.

Canta, assobia... Sentindo a brisa que sopra sem parar.

E, silencioso, recolhe impressões digitais

[do inesperado infortúnio,

apresentando após, aos turbulentos amantes,

faces lúdicas – a seu estilo – daquilo que todos sentem: o amor.

Do mar, a imensidão;

é o ponto, a embarcação.

Na vida, a poesia;

é o ínfimo, o poeta.

Tem o poeta o dom incomum

De a todos amar igualmente;

imiscui-se no alheio sofrimento e,

de toda mulher, embriaga-se com a voz, velando-a

[a cada meneio.

Em cada viagem, uma história há.

Em cada poesia, uma emoção.

Vidas perdidas a cada naufrágio.

Em cada ponto que se faz verbo, refletidas emoções.

O poeta é o sol, no imenso azul, a se pôr:

fonte do calor – energia que se converte em poesia,

é o próprio amor.

Fortaleza-CE, 28 de setembro de 1999.

12h27min

Do meu livro `Anversos de um versador`