OUTRA VEZ O HELICÓPTERO

Antonieta Lopes

Todo dia um helicóptero aqui passa,

Já escuto de cor o seu rumor,

Tão vulnerável é na sua graça

De querer ser um pássaro voador.

Sobre as montanhas paira e as ultrapassa

Quase beija, tão rente, transgressor,

Sobe e desce, das plantas na devassa,

Rasgando folhas cheias de verdor.

Fico a olhá-lo, o cão fica a olhá-lo

Carrega, mata ou faz sobreviver,

É ferro, dor não sente, nem abalo.

Difícil vê-lo, ao anoitecer,

Durante esse extenso intervalo,

Não dorme, um sono bom nunca vai ter.

Antonieta Lopes
Enviado por Antonieta Lopes em 24/07/2015
Código do texto: T5322113
Classificação de conteúdo: seguro