PARIDOS DO QUERER-BEM
Ser pai faz embaraçar os fios
paridos pelo querer-bem.
Faz a gente decantar os grãos
do prazer com chicote de monge.
Faz bater a cabeça contra o muro
e ainda agradecer pelo muro estar
de plantão.
Ser pai deixa Deus atônito,
faz as cores tomarem um porre sem culpa
até endurecerem todo seu sangue.
Ser pai é coisa de maluco,
de banido, de cigano desnudo,
de sombra acuada, caolha e seca.
Ser pai desafina a orquestra,
dá câimbra no mar, dá voz de prisão
a todos os passarinhos.
Ser pai é ofício que dispensa alforria,
é orvalho que abre mão da flor,
é varanda que nunca terá que pedir perdão.
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