PARIDOS DO QUERER-BEM

Ser pai faz embaraçar os fios

paridos pelo querer-bem.

Faz a gente decantar os grãos

do prazer com chicote de monge.

Faz bater a cabeça contra o muro

e ainda agradecer pelo muro estar

de plantão.

Ser pai deixa Deus atônito,

faz as cores tomarem um porre sem culpa

até endurecerem todo seu sangue.

Ser pai é coisa de maluco,

de banido, de cigano desnudo,

de sombra acuada, caolha e seca.

Ser pai desafina a orquestra,

dá câimbra no mar, dá voz de prisão

a todos os passarinhos.

Ser pai é ofício que dispensa alforria,

é orvalho que abre mão da flor,

é varanda que nunca terá que pedir perdão.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 24/07/2015
Código do texto: T5321609
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