O poeta menino
I
Eis-me o poeta talentoso e puro,
Sou pecador, sentimental e vivo,
Como eu escrevo a perversão e juro...
Com todo o mal sempre voraz que eu privo!
Ah! Sinto muito!... É o coração quebrado!
Amo as amigas do carinho intenso,
Serei amigo enamorado em lado,
E sentimento sensual que eu penso.
II
Tenho vivido fortemente assim
Com morbidez maravilhosa e sonho...
Quero as palavras imortais por mim,
Além do amor pelo cantor risonho
Que me ouves tanto sentimento forte,
Trago-te a flor da lucidez cheirosa,
Tens a nudez da molhadura em sorte
E banho ardente... Oh sedução da rosa!
III
Vê-se a alegria e o encantamento, escuta!
Dou-te deveras totalmente certo,
Desisto a grande maldição que é bruta
Sobre os tercetos imorais por perto,
És minha musa brasileira e bela!
O que me queres e seduzes mais?
Então me buscas para o nau da vela
Na doce alcova, as seduções carnais!...
IV
Canto o querido rouxinol do peito,
Deleito o amor intensamente belo
Só para ti com esplendor perfeito...
Eu domarei muita paixão no anelo.
Lembra-te tanta elevação do fado,
Que é sedutor, encantador e vate,
Como é o poeta sensual e amado...
Mas nunca odeia isso e ninguém te bate.
V
Tenho os palores com horror mais vil
No puro mal e na malícia extrema,
Eu louvo o Deus pelo perdão do ardil!
Eu luto contra a maldição do tema!
Onde eu escrevo isso as estrofes fortes?
Sim, é a energia negativa e impura,
O mal extremo, a atrocidade e as mortes,
Até que é a coisa pavorosa, jura?
(Continuação...)