Estratificação social
às vezes sinto que a morte chegou,
belisco minha alma como se estivesse de porre,
essa embriaguez não me deixa ver, que agora,
sinto medo, mais medo do que fome
as lágrimas, arredias não despencam,
cristalizam meus olhos que nada lêem,
cortam meus sentimentos ao meio
como se arrancasse a metade, mesmo assim, choro
no fundo do vale
soluço aos pedaços,
remendo feridas,
costuro parcos retalhos
outras vezes choro sozinho
um choro vencido, um choro calado,
um choro que brota de dento,
que vem do meu eu compadecido
Nessa hora, no centro da vala, olhando para o ermo,
percebo que não nada sou:
nem pai, nem mãe, nem marido.
nem mesmo o pó que da erva fui.