Cirurgião de cadáver

Querendo reparar o irreparável

Nada mais pôde fazer, sobrevivera

Para ver o resto morrer

Sendo o dono da cura, uma técnica

Sem súplica, sem qualquer garantia

Em que acreditava, tudo investia

E perdeu sua crença,

Ao ver na vida a doença

Que se espalhava na palavra

Tentando ressuscitar o ausente

Que vagava perdido em sua mente

Era a imaterialidade que ao mundo complicava

Assim, agarrados as coisas

Soltos das próprias ideias

Fazendo tudo, pra ainda não saber

Que nada se pode fazer

Como cirurgiões de cadáver

Como Sísifo e sua pedra

Como santuários e campos de guerra

O não sendo o sim, sempre que o nunca se espera...