Teus chamados e nós
Teus chamados rompem meus silêncios
Quebram minha paz tão almejada
Desfaz minha vida num segundo
Somos crianças brincando com fogo
Passando correndo pelos espinhos da vida
Chorando pelo tempo perdido que deixou marcas
Aquelas profundas crateras cravadas em nós
Quantos nós apertados que nunca desfizemos
Quanto de nós dois deixamos por aí perdidos
Em tanta gente...e tanta gente em nós ainda
Teus chamados quebram meus muros
Acendem meu corpo
Derretem meu gelo de invernos tão glaciais
Eras que tento fazer passar
Para assim entrar em outro tempo
Mas é tão difícil conjugar o pretérito imperfeito no presente
Mais ainda no nosso futuro...ainda o teremos?
Meu corpo aceso...em chamas...isso é suficiente?
O calor ainda não aqueceu minha alma
E a calma não chegou ao meu coração
Apenas o corpo que pede aquilo que minha alma impede
Razão e emoção fazem muito barulho em mim
E em nós não sei se alcançaram
Às vezes dançamos muito em compassos diferentes
Nem sempre conjugamos o mesmo verbo
E nem sempre estamos no mesmo tempo
Coisas que o corpo não alcança
Continuamos crianças brincando com fogo
Correndo de pés descalços em cima de espinhos
Tingindo a vida de carmim
Rompendo nossos silêncio
Tentando aquecer nossas almas
E tentando chegar o mais perto possível de nós
Para assim desatarmos nossos tantos nós.