Teus chamados e nós

Teus chamados rompem meus silêncios

Quebram minha paz tão almejada

Desfaz minha vida num segundo

Somos crianças brincando com fogo

Passando correndo pelos espinhos da vida

Chorando pelo tempo perdido que deixou marcas

Aquelas profundas crateras cravadas em nós

Quantos nós apertados que nunca desfizemos

Quanto de nós dois deixamos por aí perdidos

Em tanta gente...e tanta gente em nós ainda

Teus chamados quebram meus muros

Acendem meu corpo

Derretem meu gelo de invernos tão glaciais

Eras que tento fazer passar

Para assim entrar em outro tempo

Mas é tão difícil conjugar o pretérito imperfeito no presente

Mais ainda no nosso futuro...ainda o teremos?

Meu corpo aceso...em chamas...isso é suficiente?

O calor ainda não aqueceu minha alma

E a calma não chegou ao meu coração

Apenas o corpo que pede aquilo que minha alma impede

Razão e emoção fazem muito barulho em mim

E em nós não sei se alcançaram

Às vezes dançamos muito em compassos diferentes

Nem sempre conjugamos o mesmo verbo

E nem sempre estamos no mesmo tempo

Coisas que o corpo não alcança

Continuamos crianças brincando com fogo

Correndo de pés descalços em cima de espinhos

Tingindo a vida de carmim

Rompendo nossos silêncio

Tentando aquecer nossas almas

E tentando chegar o mais perto possível de nós

Para assim desatarmos nossos tantos nós.

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 20/07/2015
Reeditado em 20/07/2015
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