Da natureza morta

Em pose de muda

Presa ao fundo

De um vaso raso

Me finjo de pântano

E os prantos

Que cresço

Com tudo menos

(Ao redor e ao longe)

Me pareço

Um muro que

Sobe

Um musgo

Qu’eu’ me-de(s)ço

Me desfaço!

Imóvel fica fácil

E eu me esqueço

De aprender

Que crescer

Não é só envelhecer

Não! Não é isso, nem aquilo

(Nem o começo)

É refazer-se do estilhaço

Sem querer, ou ter pra quê

É fazer crer o palhaço

Que suas piadas têm graça

Mesmo quando não acho

É perdoar a todo o ser

Que se acha astro

Por nunca ter visto uma estrela

E por tampouco se importar

Em ser a poeira de seu rastro

Sendo assim, conclui:

Não adulteci

Mas me adulterei

Quando achei

Ser o bastante

Ser apenas um passante

Das passarelas fixas

Dos continentes

Que se movem intermitentes

Presos a um mundo

Vagando livre

Pelo espaço

Eis me aqui

Na forma como me ocorri

De maneira quase natural

Tal qual o tempo que passa

Enquanto nada faço

Onde os galhos ainda brotam

As gaivotas, gaivotam

E uma espécie mutante

De superproteção

Ou auto defesa angustiante

Me abraça

Aqui, assim e ainda estou

Num formato de semente

Do que se perdeu

Ou dos restos

Que algum ambidestro

Semeou

(INCONSEQUENTE)

Nessa fôrma que sou eu

Mas que de alguma forma

Não se encaixa quem eu sou

(Que desgraça!)

&lis*

18/04/15

Elis Maria
Enviado por Elis Maria em 19/07/2015
Código do texto: T5316370
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