AGUARDANDO O ECO
Saudade é rio que desemboca em canto algum,
como ferrolho que geme a cada toque do vento,
como um caminhar que não deixa pegadas.
Sentir saudade faz esquartejar cada rincão da alma sem dó,
entoa uma cantoria calejada e seca,
faz acenar para o vazio e ficar aguardando o eco.
Saudade enjoa os poros, descama o olhar,
faz a gente rodopiar na própria ladainha,
é um toque cruel no peito que mete medo,
deixa Deus aborrecido toda vida, toda vida.
Saudade é pasto queimado, chão atolado de cados de vidros
só pra nosso pé e se arrepender de ter nascido,
é grito oco que manda o tempo se calar,
é eco frouxo que deixa o gosto encardido,
e tudo que há requentado para sempre.
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