AGUARDANDO O ECO

Saudade é rio que desemboca em canto algum,

como ferrolho que geme a cada toque do vento,

como um caminhar que não deixa pegadas.

Sentir saudade faz esquartejar cada rincão da alma sem dó,

entoa uma cantoria calejada e seca,

faz acenar para o vazio e ficar aguardando o eco.

Saudade enjoa os poros, descama o olhar,

faz a gente rodopiar na própria ladainha,

é um toque cruel no peito que mete medo,

deixa Deus aborrecido toda vida, toda vida.

Saudade é pasto queimado, chão atolado de cados de vidros

só pra nosso pé e se arrepender de ter nascido,

é grito oco que manda o tempo se calar,

é eco frouxo que deixa o gosto encardido,

e tudo que há requentado para sempre.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 18/07/2015
Código do texto: T5314882
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