À ESCOLA DO PORVIR

À benemérita Rádio Sociedade do Rio de Janeiro

Alô, Tres Alô!

Do Éter na imensidade

Quem falou?

Em que ponto do Universo?

Ah! Rio de Janeiro?...

À Rádio Sociedade,

Pelas antenas do Verso,

Fala o povo brasileiro!

Alô Hurrah! Bravos mil

Aos heróicos bandeirantes

da Radiofonia,

No Brasil,

Sempre a lutar, triunfante!...

Meus amigos, que alegria!

Que entusiasmo, não minto,

Ao proclamar-vos os nomes,

Das Rimas da sintonia!

Alô! Três vezes Alô!

Morize, Roque-Pinto,

Dulcídio, Leonardo Gomes,

Demócrito Lartigau,

Moreira Pinto, Cesário,

Lafaiete, Carlos Guinle

...........................................

Aqui é que pega o carro,

Onde encontrar rima em inle?...

Não há no dicionário...

Ora bolsa!... Que demônio!

Se nesta rima eu esbarro!

Ajudai-me Santo Antônio!

A descalçar esta bota...

Mas também que ladainha

Poliglta

Dos tantos e tantos nomes!

Debalde tu te consomes!...

Encrencada Musa minha,

A Inspiração perde o leme,

Naufragou

Nas barafundas da Ruina...

Alô! Adiante! Alô!

Álvaro, Osório, Paes Leme

Sussekind e Costa Lima,

Mario de Souza Lacombe,

Leuzinguer, Alberto Sarti,

Hiron Jacques, Janotskoff

Alério, Weipli, Juvenil,

Tanta Luz, irradiais,

Vibrando por toda a parte,

Que enchestes de estrelas mil

A fronte de minha estrofe

E a pobre Musa ofuscais!

É santo o verso Ideal,

Augusta a vossa Missão,

Desafiando o impossível

As vida no turbilhão,

Que prodígio colossal

Pretendeis realizar

Numa luta extrema, incrível,

Nos céus, na terra e no mar,

Estupendos feiticeiros!

Unir, através do Espaço,

Nós todos os Brasileiros!

Num solene e estreito abraço,

Num supremo beijo ardente,

Fazer de trinta milhões

De almas, hoje dispersadas

E isolados corações,

Uma grande Alma somente

E somente um coração!...

Não é um conto de fadas,

Um absurdo, uma ilusão,

Não são nefelibatadas,

Uma utopia não é!...

Quem tem por espada a Fé

E a Coragem por escudo,

Jamais há de recuar!

Avança, hercúleo, porfia

Contra todos, contra tudo,

E há de sempre triunfar!

Vou agora mudar de sintonia:

.......................................................

Alô! Alô! Se estais inda acordados

Amigos meus, depois de suportar

Rimas e versos tão desengonçados...

Para com chave de ouro terminar,

Psiu! Atenção! Fale Roquete Pinto:

Mais sublime e formosa profecia

Não nos é dado ouvir!

Há de ser, estou certo, bem que o sinto,

A Radiofonia,

A grande, a ideal Escola do Porvir!

Talvez não tarde muito, alvisareiras,

Todas as almas hão de ter um dia,

No remanso dos lares espalhados

Pela imensas terras brasileiras,

Nas matas, nos rincões mais afastados,

Do Amazonas ao Prata, em toda a parte,

Todas as almas hão de ter um dia,

Numa espiritual eucaristia,

O conforto moral da Ciência e da Arte'

E a Paz há de arquear as grandes asas brancas,

Pairando em pleno azul sobre as fronteiras francas,

Sobre as Nações por fim fraternizadas!...

E tudo isso há de ser o milagre evidente,

As soberbas conquistas portentosas

Pelo Poeta e o Sábio entressonhadas,

A formidável Obra soberana

Das invisíveis Ondas assombrosas

Que celebra o meu Verso,

Levando ao ar silenciosamente,

Misteriosamente,

Todos os raios da palavra Humana,

Todas as harmonias do Universo!

1° de setembro de 1924.

Dr. EGAS MONI BARRETO DE ARAGÃO e (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 17/07/2015
Reeditado em 17/07/2015
Código do texto: T5314050
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