Poema de Gaveta
Meu poema de gaveta
que ficou, lá esquecido
abriu a porta fechada
do meu coração rendido.
De novo acendeu meus olhos,
agitou minha emoção...
Embriagou-me de sonhos,
adulou minha razão.
Revivi coisas vividas...
Senti as coisas sentidas...
Nova palavra surgida,
outro poema, rendou...
Vestiu-se de novos versos...
Novos ares respirou...
Em mil outros universos,
novas rimas costurou...
E o poema encontrado,
ganhando ares de agora,
segue pelo mundo afora,
como se hoje, cunhado...
O verso nunca caduca
nem muda o seu conteúdo.
Ouro no crisol, contudo,
se real nunca se apouca.
Siga, vá, de boca em boca...
Ganhe campo, se desdobre.
Como estouro de pipoca,
ganhe aval de coisa nobre.
Era pobre, acabe rico.
Era nada, e tudo seja.
Odisseico e até pacífico
tenha sabor de cereja.