CATARSE
Solitário eu olho o mundo
e tento me situar,
sitiado pelo nada...
Aonde estão meus iguais?
Aonde foram parar?
Que caminhos os roubaram
da minha voz, meu olhar?
Aonde alguém, que silente,
faça par à minha sombra,
sob a lua dos amantes?
Feito estranho viajante,
nesta terra de ninguém,
também me perco, sem fim...
Quanto mais sigo, mais sei
que maior é a distância,
e até de mim, eu me ausento...
E a dor aperta o cerco...
Sofro o nada que me abraça...
E esvazio a minha taça.
Fim da festa, não me assusta.
Temo somente a verdade,
e a terrível crueldade.
Mata borrão que rasura
essa pegada obscura,
o meu sorriso pueril...
Vejo deuses que sorriem
da minha prosternação...
Nenhum que me estenda a mão...
Achasse um ponto de fuga...
Um outro olhar ou sentir,
destronava essa tristeza...
Mas não há, me deixo então
olhar perdido no chão,
sem saída, aliciado...
E rimando a minha sina,
sem entender patavina,
termino na abstração.