À sombra das meias horas
À sombra das meias horas
Estamos sobre taboas podres,
Uns a meio caminho do nada,
Outros despercebidos ainda...
Mas todos sobre a mesma taboa
Apodrecida de más intenções...
A colheita não é suficiente
Para a fome de carências...
Uns estagnados em terra,
Outros viajando sem destino,
Alguns sem morada em desatino
À sombra dessas horas contadas
São meias verdades lacradas
Entregues aos moribundos,
Esses que já se vêm mortos
São os mais infelizes.
São meias horas esperadas
Nesse latifúndio.
Enquanto eu dormia
Enquanto eu dormia
Passou-se a ocasião preciosa
De invenções e manipulações,
Cada coisa em seu lugar
E tempo...
Enquanto eu dormia
A cidade virou metrópole,
Sangrando e costurando
Obras no subsolo e
Nas pessoas...
Enquanto eu dormia
Tu dormias... E, de pronto
Desaprendemos a esperar
A esperança de reviver
Dia após dia.
Enquanto eu dormia
A poesia pôs-se a trabalhar
Nossas mentes distraídas
Esquecidas de aprender...
A vida...
Mala
Não tenho a mala pronta
Mas a alma para viajar...
Quero conhecer os mares,
Outras pessoas,
Outras cachoeiras...
Quero me ater às forças
Veladas de cada parede...
Pensando bem, acho que
Tenho a mala pronta
Para viajar os sonhos
De procurar tesouros
Onde possa a vida aportar.
sergiodonadio.blogspot.com