FESTIM DIABÓLICO

Culpa é fardo de aço

que carregamos contrariados

como cadafalso ao qual não podemos fugir.

Nossas culpas vivem em bando,

vão à luta numa engrenagem maquiavélica

e esgarçam o último fio, seja ele qual for.

Podemos até tentar domá-las, quem sabe acarinhá-las,

quem sabe traduzi-las,

mas não dará em nada, garanto.

Culpas são nódoas de festim diabólico,

insaciáveis mundanas dos cabarés da alma,

loucas falanges de vida qualquer.

Um dia viraremos o jogo e as colocaremos todas

numa senzala solene, só para poder apreciar,

de longe, sua agonizante agonia.

Gargalharemos vendo caindo na lona

inertes e pedindo um gole d´água ou teco de pão.

Iremos aos confins do êxtase apreciando seus

infindáveis últimos suspiros, nunca derradeiros.

Então, por certo, nos curvaremos diante da sua luz,

consternados por termos perdido a batalha que parecia invencível.

Vamos aí entender que não foram tão íngremes, pontiagudas,

dúbias e dissimuladas como sempre quisemos crer.

Se não fosse pelas nossas culpas,

nossos sonhos, desejos, intenções e avistamentos

seriam apenas sonhos, desejos, intenções e avistamentos

e nada mais.

---------------------------------

visite o meu site www.vidaescrita.com.br

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 14/07/2015
Código do texto: T5310198
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.