FESTIM DIABÓLICO
Culpa é fardo de aço
que carregamos contrariados
como cadafalso ao qual não podemos fugir.
Nossas culpas vivem em bando,
vão à luta numa engrenagem maquiavélica
e esgarçam o último fio, seja ele qual for.
Podemos até tentar domá-las, quem sabe acarinhá-las,
quem sabe traduzi-las,
mas não dará em nada, garanto.
Culpas são nódoas de festim diabólico,
insaciáveis mundanas dos cabarés da alma,
loucas falanges de vida qualquer.
Um dia viraremos o jogo e as colocaremos todas
numa senzala solene, só para poder apreciar,
de longe, sua agonizante agonia.
Gargalharemos vendo caindo na lona
inertes e pedindo um gole d´água ou teco de pão.
Iremos aos confins do êxtase apreciando seus
infindáveis últimos suspiros, nunca derradeiros.
Então, por certo, nos curvaremos diante da sua luz,
consternados por termos perdido a batalha que parecia invencível.
Vamos aí entender que não foram tão íngremes, pontiagudas,
dúbias e dissimuladas como sempre quisemos crer.
Se não fosse pelas nossas culpas,
nossos sonhos, desejos, intenções e avistamentos
seriam apenas sonhos, desejos, intenções e avistamentos
e nada mais.
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