VISCONDE
Me apaixonei.
Amei e amei tanto assim
Que outro dia pensei
Esqueci até de mim!
Desventura maior não pode haver
Pra querela desse porte.
Ando em círculos,
Vagando perdido.
Duas tribos querem minha morte.
Um amor tão grande assim
Não tem direito de viver.
Se vive é por puro castigo
Precisa retroceder.
Segue às escondidas
Pensa minhas feridas
Disfarça meu sentimento
Só pra te proteger.
Será isso possível meu Deus?
Tanto amor esvaziado, acabrunhado.
Rachado em tantos pedaços
Como picado a facão?
Pior que isso. Picado a machado
Com minhas próprias mãos.
Tanto causo ouvi contar
Lá de longe e aqui de perto
Eu sei que é possível amar
Sem nunca ser descoberto.
Mas viver longe da flor,
Meu amigo posso afirmar
E disso tenho certeza!
É ser visconde novel
E viver longe da realeza.
Se não é a esperança
O desejo de beijar a amada
O suspiro vai embora,
Se desagarra do corpo em mais valia
Que cai feito tora queimada
Sem nenhuma serventia.
Mas ouvir sua gargalhada
Da janela clareada
Desesconde um novo sol
Um novo dia, um novo eito.
É assim se não tem jeito.