VISCONDE

Me apaixonei.

Amei e amei tanto assim

Que outro dia pensei

Esqueci até de mim!

Desventura maior não pode haver

Pra querela desse porte.

Ando em círculos,

Vagando perdido.

Duas tribos querem minha morte.

Um amor tão grande assim

Não tem direito de viver.

Se vive é por puro castigo

Precisa retroceder.

Segue às escondidas

Pensa minhas feridas

Disfarça meu sentimento

Só pra te proteger.

Será isso possível meu Deus?

Tanto amor esvaziado, acabrunhado.

Rachado em tantos pedaços

Como picado a facão?

Pior que isso. Picado a machado

Com minhas próprias mãos.

Tanto causo ouvi contar

Lá de longe e aqui de perto

Eu sei que é possível amar

Sem nunca ser descoberto.

Mas viver longe da flor,

Meu amigo posso afirmar

E disso tenho certeza!

É ser visconde novel

E viver longe da realeza.

Se não é a esperança

O desejo de beijar a amada

O suspiro vai embora,

Se desagarra do corpo em mais valia

Que cai feito tora queimada

Sem nenhuma serventia.

Mas ouvir sua gargalhada

Da janela clareada

Desesconde um novo sol

Um novo dia, um novo eito.

É assim se não tem jeito.

Ancelma Bernardos
Enviado por Ancelma Bernardos em 13/07/2015
Reeditado em 12/10/2020
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