D'alma

A essência de um todo que insiste em ser pleno

mesmo não tendo em que se firmar.

Eu não tinha esses olhos tristes,

nem essa voz cansada.

Perdi-me,

ou nunca estive?

Quando dei por mim já estava assim,

preferi calar.

Medos que me prendem,

portas que se fecham à minha passagem,

antes que eu passe.

Antes de passar queria ficar.

Antes de ir queria marcar.

Sonhos que sonhei pra mim e hoje não passam de vagas sombras.

De tanto calar desisti de falar.

Desisto toda hora de me comunicar,

quanto mais me calo,

mais me sinto incapaz de falar,

ninguém me entendeu até aqui.

Tudo que eu disse foi em vão.

Cardos que me sangram,

credos que me enganam,

e me esmagam.

Que me ferem e me destroem.

Meus olhos falam,

ninguém olha pra eles.

Meus lábios enxergam,

as cores fogem.

Rios de lágrimas de tanto falar,

rios de falas que se calam por não encontrar eco.

Encontro meu mundo onde nem um único movimento perturba o momento de existir,

nem obriga a existir.

Desisti de falar,

desisti de andar,

desisti de viver.