AI QUE SONO!

Meu sono às vezes vem calado, sem pompa,

e causa um estrago danado no pique

nocauteando as ideias sem pena

levando tudo pra segunda divisão.

Esse sono é farpa arteira,

daquelas que nem saem com fórceps,

daquelas tacanhas feito teimosia de adolescente

em ponto de bala.

Tenho sono quando deveria pular de asa-delta,

e isso me deixa rabugento, viro a mosca do cocô

do bandido, viro a presa encurralada num beco

sem saída há séculos.

O sono vem pra mim nas horas que deveria

se mandar de vez e sem olhar pra trás,

chega feito manada de rinoceronte,

feito vontade de quero-mais, mais, mais, mais...

Então parece que resolve se instalar de vez

feito inquilino perpétuo, feito tumor que vira

musgo pra não ser flagrado numa matança

sem perdão.

Então, sem ter outra saída,

me jogo nos seus braços meio morto, meio falido,

e deixo que faça de mim o que bem quiser,

porque sua missão foi cumprida.

E a minha idem.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 13/07/2015
Código do texto: T5309041
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