FELIZ COMO SEMPRE QUIS

Emoções são fados pontiagudos que permeamos sem querer.

São capazes de embaralhar nossos poros,

destravar nossos braços e pernas,

levar nossa alma para onde bem quiser.

Cada emoção se faz menina e mulher no mesmo beco,

é sagaz no jeito de nos olhar, nos untar, nos reter,

nos fazer escravo que rasga a própria carta de alforria.

Nossa emoção é senhora absoluta dos quinhões que nos

traduzem humanos,

sem elas viramos pior que traste, prior que praga,

pior que vazio sem fim.

Por tantas vezes teimamos em transformar nossa emoção

numa fuligem sórdida, num chão encardido,

num adeus sem resposta.

Por tantas vezes insistimos em fazer da nossa emoção

um mero fantoche sem graça, uma alegoria de terceira

classe sem pé nem cabeça, um discurso gago e

solitariamente vil.

Mas descobrimos que é justamente nas suas puídas

amarras que guardamos o que temos de menos corroído,

de menos pálido.

Então, deixamos toda gatunice de lado e içamos

de dentro da gente toda aquela emoção plena

na sua forma mais guerreira.

E assim, só assim, poderemos retomar nossa caminhada

com o fôlego preciso e o peito feliz como sempre quis.

E nunca conseguiu ser de fato.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 13/07/2015
Código do texto: T5309024
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