Angels

Os anjos dormem.

Eu vagueio.

Reminiscências do dia vêm.

O silêncio está tão presente,

tão concreto,

que o sinto a me abarcar.

Ele percebe,

ele sabe,

que quero você por perto.

Sensível e carinhoso ele me acalenta,

envolve-me com a sua aura,

com toda a sua calma,

parece o repouso de uma tormenta.

Crescem as minhas aselhas,

expande-se a minha mente,

vai ao longe o meu pensamento,

evola-se a minha alma

em tácito santiamém.

Mas, o corpo não descanso.

Tento.

Mas, não consigo,

estando assim longe,

de si afastado,

ansioso.

Os anjos dormem.

The angels fall asleep.

I fall apart.

As noites escuras são tristes.

As pessoas que partiram me visitam.

Carlos me abraça.

Vó me faz voltar a ser criança.

Forte é a lembrança.

Os anjos dormem,

eu vagueio,

as lembranças chegam,

as pessoas partem.

¿Eles são anjos ou mais que isso?

Eu descansarei quando acordarem.

O medo de não os vir não me deixa partir.

Porém quero ir...

Eles dormem,

as pessoas partem...

Sinto-me abisso.

O bulir suave do silêncio a me penetrar,

sereno, meigo, afetuoso,

lembrando-me aquela música,

levando-me algures.

O silêncio clama silêncio,

ele chegou e exige ficar,

ele não pode parar,

¿senão, como os anjos vão se aquietar?

Eles dormem,

eu vagueio,

lembranças chegam,

elas partem.

Com a Luz tudo mudará:

os anjos acordarão,

as pessoas retornarão,

e eu...

bem...

¿De mim?

Eu não sei o que será...

Papéis de Carta - Poesias

(EDA/FBN 598.198/1.145/276)