RÉQUIEM

RÉQUIEM

Caminhando

Passos largos

Pela via cheia de luz

Não pesa a cruz

Segue superando obstáculos

Águas, pedras, ilusões

Sal, secura, perdões

Aos poucos a luz

Vai esmorecendo

Os passos já não são

Largos tão

Mas ainda são firmes

O corpo suado

O manto rasgado

O esforço dispendido

As contrações da face

Agora já são rugas

A luz já é mais fraca

Aproxima-se o ocaso

As luzes artificiais

Acendem-se

Mas sem o mesmo brilho

Não conseguem

Iluminar todo o caminho

Sombras se fazem presentes

Cada vez maiores

Embora as luzes sejam

Tênues

Súbito um som

Trombetas soam

Assustadoramente

Sem clemência

Anunciando o réquiem

É o fim da caminhada

Ao etéreo, ao nada

Um último olhar para trás

E o nada também lá está

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 12/07/2015
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