Autêntica

Ah, não passo pelo mundo em brancas nuvens...

nem sou lírio, angelical e coisa e tal...

Se sou parte o não fugir é meu denodo,

visceral, mergulho ao fundo e rasgo o véu...

Lambuzo-me do escuso, ser mortal...

Quebro a cara e mostro a escara sem temor...

Mais horror me toma agir como emissária

de algum ser que me prostrou na escravidão.

Sobre nada, o que me acaba é ser fingida.

impedida pela brida, a ser quem sou,

me abstenho da ilusão de ser um deus.

Berro e sangro, rego o pranto que me lava...

Mando à fava essa mesmice que me anula.

Nua e crua é a aparência que me adula.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 12/07/2015
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