diversos versos

Doze badaladas

Esta é a hora

De sentar e pensar:

De pouco em pouco

A ilusão se apaga...

De gesto em gesto

Afaga-se a mágoa

De querer vida

Onde já não haja...

Querer da vida

Apagar as mágoas...

Querer do tempo

Que se ilharga...

Da fonte límpida

O som da água

Que escorre e vem

Saturar feridas...

Esta é a hora

Das despedidas.

Jornais anunciam tua morte.

Mas eu sei que vives,

Sei que inda voltas.

Quando somamos

Nossas horas

Coloridas

A história muda

Para se tornar verdade...

Porque há música ainda

Onde pedes silêncio...

Mas silencio se assim o queres

De verdade,

Que as horas são coloridas

Pela esperança

E pela saudade.

Cirandinha

Quando transbordam

Os córregos no céu

Eu visto os sonhos infantis

De novo...

Quando os vejo coloridos, crianças,

Sei-me menino

Pintando as cores das nuvens

E das folhas...

Sob a água desses córregos

Me molho

Ouvindo o correr delas pelo corpo

Inda secado antes.

Quando brinco de correr as sobras

Os vejo livres

Como as nuvens, os córregos,

As águas que partiram

Adiante...

E as flores pintadas hoje

São as mesmas, pintadas

Antes.

Todas as folhas em branco

Guardam o escrito que há de vir

Devido ao eterno espanto...

Reencontro

-Alô. Pode voltar, te perdoo.

-Ah, sei... Sei... Sei...

-Então, me perdoa, por favor?

A carta

Diz das tristezas de partir,

De não chegar...

De diluir-se em lágrimas,

Em riso,

E, pior, do sarcasmo de ir

Sem ter-se ido...

O tempo tem

Um sinistro lugar

Onde todos vão passar...

De algum lugar distante

Ouço vozes...

Reclamam do clima,

Frio?

Reclamam da frieza

Das pessoas,

Das ruas vazias

De ruas cheias...

Do silêncio às reclamações...

De algum lugar ainda

Há tempo hábil para voltar

Ao sol, aos risos,

À atenção aos prejuízos.

Moda

Teve a febre das vitrolas,

Das coleções de flâmulas,

Da ostentação de penteados

Tipo Elvis...

Da profusão de Elvis

Pelas praças...

Agora a febre é dos

Smartphones,

Dos whatsapps...

Tão criticados, como fosse

Diferente do tempo

Das lantejoulas,

Das ligas coloridas...

Das abotoaduras

Tudo tem seu tempo,

Que não dura.

Sergiodonadio.blogspot.com

sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 10/07/2015
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