Vendavais de Poesia
Os meus ventos são vendavais poéticos,
eles movem moinhos e nuvens,
carregam pétalas, folhas e flores,
carregam olores raros pelo mundo;
por onde passam varrem as tristezas
são o retrato dessa minha natureza
que é de poeta ou de asceta ou eremita,
é a minha senda, minha vereda transcrita;
transcrita em versos transparentes matutinos,
cantada em rimas pelas vozes eruditas,
simples cantigas nas cordas de um trovador
que se derrama libertando-se da dor.
Ventos que às vezes tornam-se redemoinhos
e levantam toda poeira desse chão
que está rachado, ressecado, emurchecido
mas é a marca dessa estrada do sertão;
e o coração é o consorte sertanejo
que bate forte, amiúde, esperançoso,
meu coração foi invadido pela açucena
e o meu sertão então tornou-se chuvoso.