SONS QUE NÃO SE PERDEM
SONS QUE NÃO SE PERDEM
No silêncio que me cerca
Cercam-me sons de saudade
Sons que eram comuns
Naqueles dias
E que importância não tinham
Ou tinham demais
Só sei que ficaram guardados
E agora, sei lá por que
Soam lá dentro
E me fazem feliz
O pingar da goteira
Que vivia a migrar pelo quarto
O canto do galo que me despertava
A barulheira do bando de pardais ao amanhecer
Da galinha quando botava
A chiadeira do rádio
A buzina do triciclo do padeiro
O martelar do vendedor de biju
O sinal do começo, do recreio e
Do fim da aula
O bater suave dos bondes nos trilhos
A zoeira da feira livre
E aquele som inesquecível
Doce, suave, mavioso
Da voz da mamãe