SONS QUE NÃO SE PERDEM

SONS QUE NÃO SE PERDEM

No silêncio que me cerca

Cercam-me sons de saudade

Sons que eram comuns

Naqueles dias

E que importância não tinham

Ou tinham demais

Só sei que ficaram guardados

E agora, sei lá por que

Soam lá dentro

E me fazem feliz

O pingar da goteira

Que vivia a migrar pelo quarto

O canto do galo que me despertava

A barulheira do bando de pardais ao amanhecer

Da galinha quando botava

A chiadeira do rádio

A buzina do triciclo do padeiro

O martelar do vendedor de biju

O sinal do começo, do recreio e

Do fim da aula

O bater suave dos bondes nos trilhos

A zoeira da feira livre

E aquele som inesquecível

Doce, suave, mavioso

Da voz da mamãe

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 08/07/2015
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