PRA ME FECUNDAR DE DEUS

Por toda vida tive Deus distante,

por vezes raivoso, por vezes acuado,

por vezes magoado, por vezes abandonado,

por vezes deportado de mim.

Por toda vida tive Deus esquisito,

falando língua que não entendia,

aparecendo sempre nas horas em que não estava.

Por toda vida fingi que Deus me abençoava,

achando que assim o teria rente a mim.

Via as pessoas falando Dele com amor, emoção

e gratidão até, mas para mim continuava morno,

e até morto em alguns momentos.

Morto na maioria dos meus momentos.

Nas vezes em que meu chão se abria,

tendo a dor e raiva ventando sem trégua,

lembrava que Deus existia,

e não pensava em outra coisa senão fazer

com que se mesclasse na minha alma pra sempre.

Quando o turbilhão passava, a primeira

coisa que fazia era descartar Deus,

já que tinha sugado tudo o que queria.

Mesmo sendo tão interesseiro assim,

no fundo queria sentir esta coisa de fé,

tinha inveja das pessoas que viam Deus de outra

maneira, acho que se sentiam mais abrigadas,

mais acarinhadas, mais felizes até.

Os anos foram chegando, os cabelos brancos

ocuparam seu lugar e foram trazendo no seu bojo

alguns entendimentos que só o tempo é capaz

de aprumar. Ainda bem.

Hoje tento pensar num Deus não como algo utópico,

mas como algo que posso tocar, sentir, traduzir,

me emocionar, me fecundar de algo maior.

A resposta vem na hora, é gostosa,

traz paz, entendimento, deixa a alma com menos

rebarbas, com menos medos, com menos lodos,

com menos rasgos, com menos escorregões,

com menos vontade de largar tudo

pra cair no mundo e nunca mais voltar.

-------------------------------

visite o meu site www.vidaescrita.com.br

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 08/07/2015
Código do texto: T5303588
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.