Tudo liberado
Tudo liberado...
Clínicas cheias.
Pratos vazios.
Cínicas freiras.
Padres pedófilos.
Compridas filas
Do bolsa-família.
Inclusão social...
Acessível tecnologia.
Vida cheia de porcaria.
Povo contente,
Displicente.
Corrupção dá em pizza.
O povo também come pizza!
(Foram reclassificados).
Todos no mesmo beat
Descendo até o chão,
Quando outros querem
Sair do esgoto.
Me dá uma mão?
Ou melhor, fique com elas,
Não tenho como pagar,
Sou pagão.
Serei eu ateu?
Deus inspirou poder aos povos,
Está escrito.
Reinam os poderosos.
Eu não sou de ninguém.
Nem teus os meus nem as minhas,
Que são pecados e dívidas.
Diz-se que existem infernos piores.
Discursos estão sempre pra amenizar.
Mas na minha língua é pena.
Tudo liberado...
Lixeiras cheias,
Farei meu banquete.
As novinhas fazem boquete.
Não tenho um puto no bolso.
Sou só pele e osso
E uma alma alvejada
Pedindo socorro.
Tudo liberado...
Parques e praças...
Inverno frio,
Não sinto meus pés,
A estrada é vasta.
Não tenho fé.
Não sinto dor.
Minha boca é amarga.
O céu é sem cor.
Não sei quem eu sou.
Ateu eu não sei.
O lixo é meu pão.
A desgraça meu circo.
Acho que me achei...
Sou vil palhaço.