Minifesto 2 - Poesia de Paulo Leminski

Minifesto 2

A literatura de um país pobre

não pode ser pobre de ideias.

Pobre da arte de um país

pobre de ideias.

Pobre da ciência de um país

pobre de ideias.

Num país pobre,

não se pode desprezar

nenhum repertório.

Muito menos

os repertórios mais sofisticados.

Os mais complexos.

Os mais difíceis de aceitar à primeira vista.

Lembrem-se de Santos Dumont.

Sempre haverá quem diga

que num país pobre

não se pode ter energia nuclear

antes de resolver o problema

da merenda escolar.

Errado.

Num país pobre,

movido a carro de boi,

é preciso por o carro na frente dos bois.

poesia de Paulo Leminski

Boris Becker
Enviado por Boris Becker em 07/07/2015
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