Minifesto 2 - Poesia de Paulo Leminski
Minifesto 2
A literatura de um país pobre
não pode ser pobre de ideias.
Pobre da arte de um país
pobre de ideias.
Pobre da ciência de um país
pobre de ideias.
Num país pobre,
não se pode desprezar
nenhum repertório.
Muito menos
os repertórios mais sofisticados.
Os mais complexos.
Os mais difíceis de aceitar à primeira vista.
Lembrem-se de Santos Dumont.
Sempre haverá quem diga
que num país pobre
não se pode ter energia nuclear
antes de resolver o problema
da merenda escolar.
Errado.
Num país pobre,
movido a carro de boi,
é preciso por o carro na frente dos bois.
poesia de Paulo Leminski