Monstro

Há um monstro em mim

que ninguém vê.

Ele sou eu na padaria,

eu atravessando a praça,

eu olhando profundo.

E através.

Há um monstro em mim

que passa pelo senhor e não ajoelha,

e ninguém vê,

e ninguém olha.

Eu sou tão invisível quanto ele.

Há um monstro em mim

que dorme triste em esquinas

dentro de mim,

e que se arroga firme, sem efeito,

a não ser em mim.

Por onde ando,

sigo acompanhado.

Por onde vivo,

ele está calado.

E há em mim

esse monstro abandonado.