O SOM DO SILÊNCIO

Pesado de sons eu escuto o silêncio
rolando, crescendo, no quarto vazio.
No quarto vazio onde tremo de frio,
                    pois lençóis não me bastam,
                    e as colchas são brancas.

Repercute no piso em combate constante,
escorrega candente sob a luz apagada.
Impossível dormir nessa luta encarnada
                    que se torna mais densa
                    quando tapo os ouvidos.

No ardor da batalha o meu grito desperta,
mas depressa se cala exaurido e sem voz.
E o som do silêncio cresce forte, feroz,
                    se apodera do espaço
                    e ali fica - tranquilo.

(out-94)