ESPERADOURO
À espera, ela e o guarda-chuva.
Ambos molham-se
Na chuvarada de novembro,
Respingam-se de lama
Das rodas dos carros,
Plantados na calçada do café.
[não podemos sair daqui...]
O tempo esfria,
A chuva aumenta,
Ventania os maltrata.
[pode pensar que não viemos...]
A angústia, abelha diligente.
Água das nuvens,
Água dos olhos,
Água tisnada.
Ah acorrentado coração...
Como t(r)emeu sob a chuva
Na tarde em que ele não veio.
Fumos do amor
Confundem-se com o vapor
Da cafeteira junto ao balcão.
Pasmados, agora,
Sobre banquinhos,
Ela e o guarda-chuva.
Faltou a capa
Para tudo (en)cobrir.
imagem: I. Agocs