NAS ASAS DO ALBATROZ

Hoje, ao encontrar-me cabisbaixa e triste,

veio ter comigo o albatroz vizinho, de cantar

cambaleante e só. Indagou-me ainda agorinha,

o que teria motivado o ar cabisbaixo e triste;

Num gesto de mãos vazias, ondiquei o caminho

guardado pêlas margens do rio, por onde

passo todos os dias de chuva e de sol.

Vi que não mais havia o cipreste colorido,

o ipê amarelo e amigo, a quem confidenciava

dores e alegrias.

Os homens de mãos vazias e olhar vago,

arrancaram-lhes o sangue rompendo suas raizes

do útero da terra mãe.

Foi-se o cipreste levando com ele suas cinzas

e o amontoado de confidências minhas.

O albatroz, em sua singeleza de ave,

tentando suavizar tamanha dor, guardou-me

debaixo de suas asas. E como cria recém chegada,

chorei e adormeci.... (Aninha Viola)