ESPERANÇAR

ESPERANÇAR

Ouço, escuto

O que não gostaria

De ouvir, escutar

Gostaria de olvidar

Mas não posso

E meus dois orifícios

Por dever de ofício

Com bigorna e martelo

Continuam a bater forte

Reverberando

O que tenho que ouvir

Escutar

Sem olvidar

Ouço o clamor da rua

O grito contra a falcatrua

O berro de quem apanha e não recua

O brado contra o mal que se perpetua

A voz que se insinua

Para uma nova fase

Que não morra em escrito ou frase

Que elimine o quase

E traga alento

Afaste o clima cinzento

Que faça nascer um novo rebento

Menos desigual

Menos material

Menos profano

Mais humano

Mais indulgente

Mais, enfim, gente

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 01/07/2015
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