ESPERANÇAR
ESPERANÇAR
Ouço, escuto
O que não gostaria
De ouvir, escutar
Gostaria de olvidar
Mas não posso
E meus dois orifícios
Por dever de ofício
Com bigorna e martelo
Continuam a bater forte
Reverberando
O que tenho que ouvir
Escutar
Sem olvidar
Ouço o clamor da rua
O grito contra a falcatrua
O berro de quem apanha e não recua
O brado contra o mal que se perpetua
A voz que se insinua
Para uma nova fase
Que não morra em escrito ou frase
Que elimine o quase
E traga alento
Afaste o clima cinzento
Que faça nascer um novo rebento
Menos desigual
Menos material
Menos profano
Mais humano
Mais indulgente
Mais, enfim, gente