A Inocência é um Bônus
A Inocência não vê cores
Com as quais pintam-lhe feições,
Ela não tem nãos ou senões,
A tudo abraça, a tudo acolhe.
A inocência guarda um molhe
De chaves, só para abrir portas,
Não vê o riso torto e os dentes
Que almejam o doce de sua aorta.
A inocência é um bônus,
Não sente o bafo da ambição,
Ou o fedor do preconceito
Que tenta achincalhar seu tônus.
Ah, eu perdi minha inocência
Há um tempo longo e impreciso...
Ainda resta-me a decência
De escolher o chão que eu piso.