À SOMBRA DE QUALQUER LUZ
Vou soletrando respostas
pra perguntas inexatas,
transpondo portas fechadas,
caminhando estradas tortas.
Vou repintando a fachada,
joelho em terra, mãos postas.
Vou compondo indignado
a solidão dos lugares,
os luares de penumbra,
à sombra de qualquer luz.
Vou remando no espaço,
no passo que me conduz.
Drenando a dor que se espalha,
fecho o corte da navalha.
Desdigo o que não foi dito,
afago o que foi escrito.
Apago a gelada chama,
chafurdo inerte na lama.
Saulo Campos - Itabira MG