MOTÉIS
Jesus salva
nao tenha medo
venha
tumultuar a miscigenação das elites
o Paraíso é dos que abandonam os preconceitos
O óbvio é o anjo
demente
perdido nos braços
do garoto de aluguel
usuário do frio
O bang bang
o vilão japonês
banalizam o mal
o superanjo sonha sexos
A primavera teve os membros quebrados
suas mãos foram queimadas
a primavera foi seviciada pelo Gorduroso Anjo do Consumo
crianças degoladas pelos beijos das Campanhas da Fraternidade
sorriem cobertas pelos abraços dos desvios de verba
Algemas são crocodilos
sabe você o que é o crime?
Não tinhamos lugar p'ra ficar
não foi justo o presídio
não somos vadios
mas não podemos pagar o preço
teu absurdo preço
tão absurdo
que parece saído de uma tirania
recorrente
O inferno vive
atrás da esquina
onde a polícia
senta na calçada
da fumaça
dos cachimbos de lata
formando furacões de olhos vazados
os motéis cheios
de giocondas e pasolinis
é estranho saber
os antigos impérios do erotismo
e da libidinagem
ressuscitarem
nas ruas
populações da noite
sabotando o amanhecer
do céu carregado de Radioativos Anjos
vingando a demagogia sobre esqueletos abismados
descem
as velhas Sodomas
de mãos dadas
com as mais devassas
Romas
beijando o sexo
das desgraças sociais
o Apocalipse derrama beijos
sobre as cidades poluidas
Assassinos ganham governos
rouxinóis vomitam carniça