A FESTA DE MARIA
Havia sal nos olhos de Maria.
Ainda inocente,
dividia versos em solitude.
Por vezes fingia não sentir
até a dor não doer mais.
Quando o inverno soprava íntimas esperas,
contava os vagões dos dias.
No verão,
dependurava vontades no varal
para aquecer ausências,
enquanto persistia o eco.
Sonha Maria!
Hoje, dia de harmonia,
é festa na casa de Maria.
À janela ensolarada,
a cama desarrumada.
o felino negro
de chapéu branco,
cheiro de café e amor feito.
- DO LIVRO TERCEIRA PESSOA, 2015