Pra nunca mais chorar
Não precisamos tirar as roupas/
Pra mostrar a dor/
Não precisamos queimar as praças/
Pra identificar a fome/
Não precisamos passar vergonha/
Não precisamos surtar pra identificar a miséria/
As escolas e as ruas estão depredadas/
Os direitos aviltados/
Nossos filhos e a esperança estão sepultadas/
Numa realidade desumana/
E eles os homens eleitos/
Posam de elite/
De donos e respeitáveis senhores/
Por não pagarem alugueis/
Por não andarem de Ônibus/
Por não beberem da nossa água/
Por não dependerem de salários/
Por não estudarem em nossas escolas/
Por não andarem nas ruas/
Por isso não devemos mais respeitar/
O que não nos respeita/
Nem devemos nos curvar/
Pois que a luz de todos os dias/
Somos ignorados/
Tratados como coitados/
Só identificados na oportunidade/
Precisamos fortalecer a amizade/
Acreditar na igualdade/
Revolver o amor/
Pra mudar esse sistema nocivo/
As ânsias de um povo combalido/
Não precisamos passar por isso/
Clamemos a história/
Clamemos a nós mesmos/
Pois que, maior que morte/
É a o eximir de nossas responsabilidades/
É a omissão de nossa luta/
É o silenciar de nossas indignações/
Não viemos ao mundo sofrer e morrer/
Mas aprender, ensinar e amar pra viver/
Se ainda insistirmos na língua do silêncio/
Não poderemos jamais culpar esses animais/
De comer a alma dos nossos filhos/
E nos deixar como legado a miséria viral/