Paradoxo
Homens dessa República/
De que lado vocês estão/
Andavam dizendo em par com a dor/
De nossos gemidos/
Que o herdeiro parido/
Serviria ao país/
Se a voz fosse do civismo/
Se a voz fosse de todos/
Hoje não estão entre nós/
Pois a mesa farta/
Faz do rei tolo/
Um tirano/
Agora tudo faz sentido/
Vivendo as agruras dessa indignação/
Cujo inconformismo/
Acaba dia a dia com a esperança de uma nação/
Cínicos oportunistas/
Ousam ainda bater fora de ordem as portas/
Pedindo e oferecendo o que não podem dar/
O Retrato ai está/
Democracia envergonhada/
Liberdade indisciplinada/
Igualdade enganada/
Justiça injustiçada/
A paz é a guerra/
Que essa miséria nos trás/
Não há como compreender/
A essência dos idiotas/
Que ousaram enriquecer/
E se preocupar em procuram no lixo do luxo/
No silêncio das coisas/
A vida pra viver/
Mesmo morrendo de medo/
Devemos nos posicionar/
É gritar/ Gritar/
Pois o poder os deixou sem alma/
Sem coração pra amar/
Do jeito que está/
Não dá pra aguentar/
Esse monstro não é nosso dono/
Ao nosso sofrer só pode impor pesadelos/
Pode negar a Educação/
Não ouvir as nossas lamurias/
Porém, não podem/
Exaurir da nossa força a vontade de mudar/
Somos um povo/
Cujo sangue fervilha/
Noite e dia/
Devemos nos posicionar/
Chega de ficar entre os muros/
Bebendo no escuro/
As nossas mágoas a só reclamar/
Se o país foi feito/
Visando amparar nossos direitos/
Se sangramos pra voltar/
Dos porões da tortura/
A ver a luz/
Não é justo que as nossas diferenças/
Prevaleçam ao nosso egoísmo/
De querermos ser o dono do mundo/
Se no amanhã/
Sem ter nem pra que/
Nem sabemos se vamos viver/
O certo é que a gente não leva nada/
Então vamos amadurecer/
Vamos fazer uma caminhada/
Faça chuva ou faça sol/
O tempo nos reserva a vida pra viver/
Já chega de morrer tentando ser melhor/
Do que não se pode ser/
Vamos envelhecer buscando/
Na essência do amor/
Igualar o que se faz por merecer/
Mesmo que nos dias de hoje/
Estejam no ostracismo/
Quem quer a ordem de volta ao progresso/