Quem saberá?!

Quem saberá?!

Carmen L Fossari

Estava o mundo

Dançando seu movimento

Incessante

A imediata transmissão

Da tragédia prolongou-se

Até depois do anoitecer

Os claros raios do dia

Nem acordaram os dormentes

Seres que pregados e crucificados

Diante da telinha de imagens e palavras

Apenas se permitiram escutar

Um veemente apelo de doar uma parcela de

Seu aluguel pra assim serem ungidos pela graça de

Um salvador , que segundo o solicitante, dito de pastor,

outorgou-lhe

Uma franquia no planeta terra

Com passagem direta a um planeta

Embora desconhecido, de fé comum

Comungado com a eternidade e a felicidade plena

Os tempos eram difíceis

Um ódio tecido por siglas

E por reais dificuldades financeiras

Cegou em dizeres repetitivos

Que ecoaram nas janelas belas

De belos prédios sons de panelas

Batendo em protesto

Do outro lado da rua, nos casebres a luz de

Velas , panelas vazias ontem

Tinham agora um pouco de arroz

Feijão um cadinho de esperança

Pouquinha, pouquinha

Mas um alento

A rua que nunca encontraria os casebres

Amontoados olhava o rio de corrupção

Que com a democracia agora se revelava

Todas as cores partidárias tinham corruptos

Desde muito tempo

Mas o pecador imperdoável era aquele que

Foi escolhido.

Debaixo de todos os telhados

Escorre o vírus da lei da propina

O capitalismo reza a cartilha da mais valia

Quem lucrar mais , quem ganhar mais

O preço da pobreza

Pagam os explorados, os assalariados de um mínimo

Que dá vergonha

Enquanto poucos se arvoram

De mais e mais ter

O mundo fica difícil

Geografias do ter e do não ter

Uma fogueira arde no solo

Do planeta terra,

A agua escassa

Geleiras derretem

Mas nascem lírios e crianças

Quem sabe ...

Quem saberá?!...