Meus planos
Eu não sei te dizer
Dos meus planos.
Já faz anos
Que o rio secou.
Pensamento meu de outrora
Não vigora,
Nem se transformou.
É estranho...
É querer que chova.
Que haja a cheia.
Ceia farta
Enquanto voam gaivotas.
E ao fechar meus olhos
Frente ao vento,
No meu pensamento
Nem cintila
O brilho que você me roubou.
É querer ser eu mesmo.
Sem resquícios.
Sem mágoas.
Sem indícios da sua presença.
(Sem ofensas).
Tudo é árido.
Não sobreviva onde estou.
Onde restou
O sol.
Onde estou
Eu só.
Eu vou
Navegando
Num rio imaginário
Que deságua
No oceano da imensidão.
Oh já faz anos...
Transbordar sem ter planos,
Sem exatidão.
Ser impermeável
Para as ondas turbulentas
Da solidão.
Vento, traga nuvens brandas
Carregadas de outras fontes,
De outras frentes,
Para esse céu azul.
Precipitem-se
Com todo ritual
De raio e trovão.
Precipitem-se
Nesse meu chão
Que se fende.
Já não cabe em si.
Já faz tempo.
Já é tempo.
Eu entendo.
Eu enfrento.
Eu não tenho planos.