Com palavras
Empoeiradas na alma
Suturo o regaço dos olhos
rasgados em profunda tristura.
A lâmina em minha boca
Não cala
Desmistifico tua fala
Nada impede a ruptura.
Interdito suas ruas
Decreto o fim do quedo!
Trituro crenças
Aparências
Quebro todos os abrigos.
Deleto sonhos antigos...
Desconjuro a cor da face,
Que jura por amor em vão
Em frases fajutas
pichadas com tintura vagabunda
Nos muros do coração.
Descasco o verbo
Miro...
Atiro um verso incerto, acerto!
Com um projeto de voz
Liberto tudo aquilo que me entala.
Descosturo a língua
Afogo o ardor em saliva
Torço o âmago ferido
Retorço a ânsia na garganta
Em sangue fingido de grito.
Desintegro-me num rito
Em ecos indefinidos
Do sentimento mal resolvido.