APRENDENDO A ESPERAR

APRENDENDO A ESPERAR

Sentei-me em impecável elegância

No centro de uma corda

bamba

Presa no alto

em suas duas extremidades,

que nos três primeiros segundos,

leram o meu sorriso

ansioso, impreciso

E ao balançar da corda

rumo ao seu extremo final

a minha postura foi cedendo

o sorriso esmaecendo

Era agora a neutralidade do pedinte

mendiga do universo

Dá-me o passar do tempo,

peço!

Olhos voltados para a frente

sem contudo abandonar

as críticas

do passado...

Franzia agora o cenho

chegava-me o enfado

E por pirraça os ponteiros do relógio

não me traziam a próxima cena

Insistiam em levar apenas

As horas

caçoando da minha agonia

extrema

atual e de outrora

e por fim acenderam-se as luzes

abriram-se as portas

era hora da grande metamorfose

Suspirei,

desci da corda,

E quando já ia ganhar o mundo...

Ouvi um sussurro em meu ouvido esquerdo

de pura sabedoria

Desarmei então as asas

Subi na corda seguinte

Bem no marco inicial

Bem no ponto da elegância

Aprendera que viver é quimera

Viver é gozar e não morrer

na vida

que é feita de esperas!

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 23/06/2015
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