Idas e vindas
Quando se aponta a estrada
Não se sabe o que virá
Se sabe que entre início e fim
Se coloca o caminhar.
Se num extremo há o que é bom
Ou se o mau mora lá
Se lá está o que se espera
Ou se surpresa surgirá
Se sabe só que da estrada
Tudo se pode esperar.
Se a estrada é longa ou curta
Se é demorada ou não
Já no seu meio terá
Uma metade feita então.
Se se começou por gosto
Ou levado à precisão
Se o que faz andar é imposto
Ou o prazer da contramão
O que fica é o já visto
Com a certeza do não vão.
Só não dá prá ver o fim
sem o primeiro passo se dar.
Só não se chega ao final
Se não se começa a andar.
Se ela aponta o paraíso
Se ao inferno é que nos leva
Se produz em nós o choro
Ou se escancara o riso
Se dispara em nós sentidos
Ou nos cala em solidão
Se encolhe nossos mundos
Ou nos faz em amplidão
O certo é que o que se busca
Chega com o fim: luz ou treva.
Se ela revela o caos
Se aponta a confusão
Se em algum ponto diz paz
Ou promove dispersão
Se é vazia de gente
Ou se entope em procissão
Traz em si já definido
O sentido da alteração
Mudando começo em fim
Apatia em transgressão.
Só não dá prá ver o fim
sem o primeiro passo se dar.
Só não se chega ao final
Se não se começa a andar.