Dias de corvos
Inspirado em "Depressão"
Nijair Araújo Pinto
Dias de corvos
Somos tudo e ao mesmo tempo nada
Um vazio na esperança d'alma que não apaga
Um incêndio na mata interior
Um vazio sem cor
Um ata e desata
Arranhando as fronhas do travesseiro.
O medo do medo
De sentir que a janela escancarada, chama
Feito um prato de comida
A quem tem fome.
Aperto o gatilho contra a fronte
E o revólver não tem bala
Lanço-me ao abismo e crio asas
Jogo o carro contra o poste
E nem poste existe...
As nuvens estão tristes
Que o céu se vestiu de cinza e perdeu a cor!
Chove,
Sem cair única gota d'água.
A não ser dos olhos.
Devolvo a mim, a minha vida
Que estava por um triz
Feito cicatriz que não apaga
Feito tatuagem nas penugens levadas ao vento.
Dias de corvos e solidão
Como se estivessem arrancando com as garras
A parte mais frágil do corpo: O Coração!
Num instante de lucidez, sou "Primavera"
E folhas secas e flores cobrem jardins e abrem janelas...
Que estavam criando túmulo sem eras.
Das quimeras que fui, ainda sou
Por sorte ou por destino
Das dúvidas que tive, ainda tenho.
Dos sábios pensamentos
A burrice habita um só
O dos outros.
Dos invejosos
Os mal resolvidos
Os pobres de espírito
Que vivem camuflados
Feito camaleões, mudando de cores...
E vivem uma vida vã
Quando tudo poderiam ser flores.
Tony Bahi@.