Dias de corvos

Inspirado em "Depressão"

Nijair Araújo Pinto

Dias de corvos

Somos tudo e ao mesmo tempo nada

Um vazio na esperança d'alma que não apaga

Um incêndio na mata interior

Um vazio sem cor

Um ata e desata

Arranhando as fronhas do travesseiro.

O medo do medo

De sentir que a janela escancarada, chama

Feito um prato de comida

A quem tem fome.

Aperto o gatilho contra a fronte

E o revólver não tem bala

Lanço-me ao abismo e crio asas

Jogo o carro contra o poste

E nem poste existe...

As nuvens estão tristes

Que o céu se vestiu de cinza e perdeu a cor!

Chove,

Sem cair única gota d'água.

A não ser dos olhos.

Devolvo a mim, a minha vida

Que estava por um triz

Feito cicatriz que não apaga

Feito tatuagem nas penugens levadas ao vento.

Dias de corvos e solidão

Como se estivessem arrancando com as garras

A parte mais frágil do corpo: O Coração!

Num instante de lucidez, sou "Primavera"

E folhas secas e flores cobrem jardins e abrem janelas...

Que estavam criando túmulo sem eras.

Das quimeras que fui, ainda sou

Por sorte ou por destino

Das dúvidas que tive, ainda tenho.

Dos sábios pensamentos

A burrice habita um só

O dos outros.

Dos invejosos

Os mal resolvidos

Os pobres de espírito

Que vivem camuflados

Feito camaleões, mudando de cores...

E vivem uma vida vã

Quando tudo poderiam ser flores.

Tony Bahi@.

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 19/06/2015
Reeditado em 19/06/2015
Código do texto: T5282044
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