Amor embriagado

- Remédios para uma cabeça retrógrada: uma dose de “amanhã” pela manhã, uma de “acaso” no ocaso e outra de “ironia” ao fechar do dia.

Venha, venha logo, traga o vinho e a taça,

Pois a comida quente e saborosa vai esfriar.

O ar está glacial, deve ser o efeito do ar condicionado

Com minha impaciência e a corriqueira pressão baixa.

Seu amor me implantou uma espécie de dormência,

Algo incômodo que carrego junto à carência.

Amor fantasiosamente assombroso – casto colosso,

Que me pisa impetuosamente com pés quilométricos

E me acende o sorriso mais um par de vezes.

Por você, a nado, atravesso quaisquer continentes...

Sigo de mansinho ao limbo desconhecido e inóspito;

Escrevo o poema sem nexo, sem contexto e pretexto,

Mas o faço um texto bem-sucedido, laureado e exótico.

Venha, venha logo, antes que acabe esse meu sonho.

Como de praxe: amanhã olharei novamente sua doce foto,

Fecharei meus cegos olhos negros, ainda encharcados de clemência...

E construirei, esculpindo pouco a pouco, o seu corpo ao meu lado,

Com vinho, com a taça, com a pirraça da minha demência

E o meu tenro amor embriagado.

André Anlub

(2/2/15)

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