Indelével
Assim,
despida torno-me legível,
meus passos tornam-se marcas.
Pensando bem,
acho melhor compor outra canção,
visto que o sol se pôs e eu ainda estou aqui.
Mas como os pardais ou como os rouxinóis?
Indevida matéria,
indevida dúvida.
Grasnar ou cantar?
Falar ou cantar?
Qual é o sentimento que move o mundo?
Raspar a garganta em meio a um concerto?
Fingir demência e dizer tudo que quiser?
Dançar na chuva, dormir na grama?
Súbita vontade que aprisiona o ser,
mas ao mesmo tempo trás passados,
presentes e futuros.
Tirania de viver quando se quer morrer.
Não vou deixar minhas memórias,
seria melhor não tê-las a passá-las a quem não vai cuidar de meu passado.
Afinal, qual o significado da palavra liberdade?
Despi-me,
não posso mais levar nada que pese.