Doce Rotação das Elipses
Como em uma aprendizagem datilografada
O começo aconteceu somente com uma vírgula,
Pra então seguir contando os contos no ouvido
E pra sempre se contar em infinitas reticências.
Encontros em cometas, bibliotecas, praças, sonhos...
Conversas dedilhadas no sofá vermelho desbotado,
Promessas, línguas, trelas, brisas, conhecimento.
Chão xadrez pra ficar falando com as rosas brancas,
Ou no arsenal em frente à torre pra se encontrar.
Comecei a escrever poemas como este, dedicados,
Intensamente impulsionados por lírios e amoras.
Minha musa tem as minhas palavras de honra,
Que além do incansável pressentir do puro sempreamor,
Existem em mim os presentes dos deuses aos poetas;
A clarividência da poesia psicossomática da paixão.
Essas memórias vivas, esses dias de insônia dura,
Cada passo sem guia, cada caminho da solidão.
Os hemisférios fronteiriços que nos amarraram,
As noites acordados pensando na saudade pontuda,
Todos os momentos brincando no quintal do céu,
Essa certeza permanente do coração obstinado,
Formam as novas imagens do amanhecer diverso.
Recomeçar, na hora certa, a conduzir o pincel na tela;
Reinventar rupestres declarações de admiração,
O processo todo, lento e revelador e persistente.
Depois do inevitável compromisso com a medula,
O oceano e o universo fervem, as novas asas se abrem,
As verdades submergem, os amores se reconhecem,
Todos os meus motivos religados numa retomada.
E eu voltarei à vida, à rua, ao cotidiano e ao meu maior...