POEMA PARA PENSAR
Paira o poema
perpendicular às promessas,
paralelo às premissas,
a poucas polegadas das preces,
no ponto preciso dos paradigmas.
Próximo, perigosamente próximo de
pobres paixões e poses poéticas.
Patético, parafrásico,
profuso, passeia
o poema.
Pensativo,
pesa possibilidades,
perscruta, provoca.
Perfura o poema
a pele das palavras pétreas.
Profundo, penetra,
perpassa.
Peça pouco ao poema, sem pressa,
pois pode o poema pregar-lhe peças.
Se pedires, peça
(a)penas perdão
pelas palavras pobres ou pesadas,
pelos preconceitos, pelas promessas,
pelas procrastinações poéticas.
Plenifica o poema.
Preencha-o de perfumes,
pois de poucas pétalas precisa o poema
para a profusão de primaveras.
Passeia em paz o poema,
perfeito pássaro de pluma
pérola-prata,
pervagando paragens,
paraísos e paisagens.
E pousa.
Plenitudes pode o poema.
Preciso, precioso,
profético, persigna-se.
Parte?
Em perdidos
páramos do planeta,
o poeta,
prestes a partir,
prepara-se
para perpassar
o penúltimo portal.
Perece o poeta,
e passa.
Perene, o poema.
Permanece.
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Versão modificada. Dedico a HLUNA, que aprecia
tautogramas e experimentações em geral.