POEMA PARA PENSAR 

Paira o poema

perpendicular às promessas,

paralelo às premissas,

a poucas polegadas das preces,

no ponto preciso dos paradigmas. 

Próximo, perigosamente próximo de

pobres paixões e poses poéticas. 

Patético, parafrásico,

profuso,  passeia 

o poema.

Pensativo, 

pesa possibilidades, 

perscruta, provoca. 

Perfura o poema 

a pele das palavras pétreas.

Profundo, penetra, 

perpassa.

Peça pouco ao poema, sem pressa, 

pois pode o poema pregar-lhe peças. 

Se pedires, peça 

(a)penas perdão 

pelas palavras pobres ou pesadas,

pelos preconceitos, pelas promessas, 

pelas procrastinações poéticas.

Plenifica o poema.

Preencha-o de perfumes,

pois de poucas pétalas precisa o poema

para a profusão de primaveras.

Passeia em paz o poema,

perfeito pássaro de pluma 

pérola-prata,

pervagando paragens, 

paraísos e paisagens.

E pousa.

Plenitudes pode o poema. 

Preciso, precioso, 

profético, persigna-se. 

Parte?

Em perdidos 

páramos do planeta, 

o poeta, 

prestes a partir, 

prepara-se 

para perpassar 

o penúltimo portal.

Perece o poeta,

e passa.

Perene, o poema.

Permanece.

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Versão modificada. Dedico a HLUNA, que aprecia

tautogramas e experimentações em geral.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 16/06/2015
Código do texto: T5278636
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