A casa dos meus avós
Ontem passei novamente naquela rua,
Onde outrora ficava a casa dos meus avós,
Lembrei-me do alarido das crianças,
A farra da puxa da bala delícia,
As disputas pelos poucos lugares à mesa,
Da cadelinha Suzie que acompanhou várias gerações de netos,
Do caótico Padre Nosso nas noites de Natal.
São lembranças de uma grande família,
Muita gente,
Muitos planos,
E sonhos.
Todos pairavam sobre a fachada amarela,
Na solidez de uma construção humanizada,
Pelas vidas que ali se entrelaçavam.
O último ato daquela existência,
Foi velório da minha avó,
E a casa, solidária, morreu junto com ela,
Acabou-se a algazarra,
Os sonhos não entraram no espólio,
Talvez esquecidos.
Ontem passei naquela rua,
Havia lá uma casa sepultada,
Luzes acesas no terceiro andar,
Serão outros sonhos que estão lá?
Ou nossos sonhos escapam às vezes,
Pelas frestas do mistério?