PÁSSARO EM FUGA.
No alpendre da janela
próximo ao telhado grisalho
fria gaiola balança ,
com o vento abraçado ao orvalho.
Vento frio com aroma de chuva
trás consigo nuvens negras e turvas.
Vento sem piedade, assovia
por entre a gaiola
entoando uma triste canção,
ao som de uma antiga viola.
Entre grades de gravetos,
diante do olhar de ninguém
o velho pássaro cansado
imagina como é o além...
Prisioneiro, se põe apensar,
mil formas de se libertar.
Quase todos os pensamentos em vão.
Velho, já sem forças, fica a mercê da ocasião.
O destino sabiamente, quer ver o pássaro sorrir
no impulso de um forte vento
faz a gaiola se abrir...
Livre, leve e solto,
canta sua liberdade
adeus gaiola e alpendre,
ainda há tempo pra felicidade.
SONIA BRUM